O
Bitcoin é uma moeda difícil de rastrear. Mas peritos alertam: bitcoin não é
culpado nem protege crime.
A
maior parte das empresas estão indefesa a ataques cibernéticos. E é assim por
uma questão de base: suas estruturas contam com todo o tipo de lacunas, o que
abre brechas para ataques, e boa parte delas não conta com planos de
contingência para enfrentar ações como a ocorrida nesta sexta-feira.
“As empresas espanholas não estão preparadas de modo
algum”, sentencia com contundência Víctor
Escudero, especialista em bitcoin e cibersegurança. “As grandes, um
pouco mais, mas também é verdade que este teria sido difícil de conter.”
Esses
ataques vêm sendo feitos desde o final dos anos 80, com a entrada em cena do PC
Cyborg Trojan. A partir daí, há hackers que tentam bloquear os sistemas através
de um arquivo infestado e, posteriormente, extorquir a empresa em troca da
descodificação, explica Santiago Márquez Solís, consultor tecnológico
especializado em blockchain e autor de livros como Bitcoin, Guía Completa de la
Moneda del Futuro (bitcoin, guia completo da moeda do futuro).
O
ataque desta sexta-feira, com ransomware — um programa maligno que restringe o
acesso a determinadas partes ou arquivos do sistema infectado e pede em troca
um resgate (ransom, em inglês) —, trouxe novidades perigosas: permaneceu um
tempo latente até ser ativado e foi capaz de infectar computadores da rede. Em
troca da descriptografia, eles poderiam pedi qualquer moeda mais optaram por pedi bitcoins.
Por
que bitcoins? Esta é uma criptomoeda digital, pseudoanônima e muito segura,
explica Álex Preukshcat, consultor Blockchain, especialista em modelos de
negócio digitais de cibersegurança e coautor de Bitcoincomic.org e de
Blockchain: la Revolución Industrial de Internet (Blockchain: a revolução
industrial da Internet). “Existem meios de retraçar
(rastrear), mas também há formas de dificultar sua localização.”
A
mais comum (entre os que estão acostumados a operar com criptomoedas,
bem-entendido) é a do mixing (mescla). Essa modalidade, explica Preukschat, é
oferecida por serviços não legalizados, que permitem que assim que o resgate
for cobrado seja enviado a um serviço que mistura os valores com outros.
Criptomoedas como Dash, Zerocoin e Coakcoin contam com serviços de mixing
diretamente incluídos em seu protocolo ou com sistemas de criptografia que
evitam seu rastreamento como dinheiro físico. Neles, “as transações são
juntadas em um pool no qual se perde o rastro”. Um depositário põe
seu dinheiro e o sistema devolve a ele a criptomoeda de outro, com um objetivo
similar ao de mandar o dinheiro a paraísos fiscais.
“Como não se sabe bem como o dinheiro se movimenta nas
contas, ele acaba se evaporando”, completa Santiago Márquez.
Está
claro que há algumas diferenças em relação aos paraísos fiscais. O dinheiro não
se movimenta estritamente para nenhum lado. Nem tampouco são novos: já foram
usados no Silk Road, um mercado negro online que operava no que se conhece como
Internet profunda (a Deep Web, que não está indexada pelos buscadores
convencionais, e ao qual se tinha acesso por meio de The Onion Router (Tor),
com um roteamento que permitia ocultar a identidade dos participantes). O FBI o
fechou em 2013, embora depois disso tenham surgido outras.
O
fato de querer cobrar os resgates em bitcoin é um facilitador para o crime
cibernético? Há algumas vozes que garantem que sim e que isso possibilitou um
boom desde 2016. Tanto Preukschat como Márquez, porém, questionam isso com contundência:
“O bitcoin não é algo que se destine a sistemas
criminais. É uma ferramenta que pode ser usada por redes criminosas como a que
operou nesta sexta-feira”, explica Preukschat.
Márquez
Solís afirma que o fato de que tenham sido usados bitcoins “é completamente
curioso” e observa que haveria criptomoedas melhores para o pedido
de resgate, como a Monero, que permite um anonimato completo.
“Ou até mesmo dólares, uma moeda usada por redes
criminosas e do narcotráfico em todo o mundo sem que ninguém suspeite de sua
conveniência.”
CLIQUE E VEJA TAMBÉM: COMO VOCÊ PODERÁ FAZER O SEU DINHEIRO CRESCER30% AO MÊS
Deixe o seu Comentário Abaixo e Compartilhe para seus Amigos:
Nenhum comentário:
Postar um comentário